Luiz Felipe Pondé se diz trágico. Quando lhe perguntam por que, ele diz algo como ”porque o homem é mal”. Como prova disso, vez ou outra apresenta algo de filosofia. Chama Schopenhauer, Nietzsche e Cioran para uma empreitada que eles jamais aceitariam. Quer filosofar, mas falha. Talvez Pondé saiba disso. Talvez sua incompetência para com a filosofia manifeste-se como que um fruto podre numa cesta e, enfim, Pondé sinta o gosto do fracasso. É nessa hora que ele recorre à sua última arma: a literatura. Algumas passagens da Bíblia são unidas com certos momentos de Dostoievski. Jesus, Judas e Raskolnikov são reunidos numa regurgitante sopa literária para uma finalidade tão ou mais tosca: dizer que a vida é miserável, que o que não presta está tragicamente destinado a qualquer um dos homens. Nada presta. E uma hora ou outra tudo o que conquistaremos são fungos decompositores levando-nos de volta ao pó. Tente-se mudar isso, ponha-se a favor de um mundo melhor e só o que se conseguirá é um fracasso retumbante ou uma piora terminal. É nesse sentido que o cinismo de sua frase ”contra o mundo melhor” se insere. Não bastando a falta de justificação, o tragicismo de Pondé só nos oferece uma desesperança conservadora.
Isaias Bispo de Miranda – 15 de abril de 2021 = é estudante de filosofia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo