Não podemos ter certeza se O Grande Lebowski é uma história de um tremendo de um imbecil. Todavia, Lebowski é, sem exageros, um imbecil. Também não podemos ter certeza que essa história de vida é uma que alguém gostaria para si. Afinal, quem gostaria de viver como um imbecil? Mas se tem uma coisa que é certa nisso tudo é que estamos diante de uma boa pessoa. Caso Lebowski, o ”Dude”, fosse seu vizinho, você dormiria tranquilo todas as noites. E se ele fosse seu locatário, aposto que (como de fato ocorre no filme) você se constrangeria só de cobrar esse cara.
Todavia, preciso ser sincero: o filme não é do meu estilo! Não posso dizer que apreciei. E se eu tivesse de dizer qual é a minha sensação geral com essa boa história(sim, é uma boa história!), eu diria que foi de agonia! O Grande Lebowski foi para mim como uma aula bem legal, original e marcante dada por um professor que arranha a lousa enquanto escreve.
Portanto, por mais legal que esse seu vizinho fosse, você não iria gostar de ver esse cara mais de uma vez ao mês. E você, locador, uma hora ou outra cancelaria o contrato de aluguel com essa criatura… inefável! Pois ao mesmo tempo que Lebowski é irritantemente imbecil, ele é imbecilmente bom. Dada a culpa que você teria toda vez que quisesse gritar para ele ”imbecil!”, sua ação seria, enfim, a de não querer mais vê-lo. Só pode continuar gostando de Lebowski quem se identifica com ele e, dessa forma…
Jamais mais verei novamente O Grande Lebowski. Não o indicarei para os amigos. E eu realmente espero que ninguém venha querer conversar comigo sobre esse filme, pois a única coisa que poderei dizer é a razão da peça dos irmãos Coen ser uma boa peça: O Grande Lebowski é uma justificação moral da vida de Homer Simpson.
Isaias Bispo de Miranda – 23 de agosto de 2020 – é estudante de filosofia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.